Quanta ironia soa no título acima. A frase “Viver não dói” é do jornalista e poeta brasileiro Emílio Moura (1901-1971). É claro que viver dói, mas dói menos que a segunda opção. Porque a segunda opção é a condenação ao ócio, é a inércia.
Sei que é difícil entender isso quando se tem pouca idade, mas à medida que o tempo passa, a gente aprende que se não for para se divertir e aprender com os próprios erros, a vida fica pesada demais. Aprendemos que, para não se sufocar, vale fugir da rotina condicionada, da mesmice, que perpetua fazendo-nos alienados, abandonando o que há de melhor: a liberdade.
A leveza é uma conquista da maturidade. Infelizmente somos condenados a viver a eterna contradição: quando temos um corpo legal nos falta juízo, agora que temos juízo nos falta o tal corpo. Viver bem, não é viver sem dor, mas compartilhar experiências dos momentos singulares que a vida no proporcionou. Demorei para aprender a parar de arrumar desculpas quando a vida me golpeava.
É bem verdade que ninguém está pronto para a primeira queda, primeira decepção, primeiro rompimento, a primeira rasteira. Mas fica naquele amargor, pra quê? Ficar se perguntando: “O que há de errado comigo”? Choramingando pelos cantos? Ninguém mais precisa ser condenado à espada. Não perca tempo lamentando o leite derramado. Até pode ser que haja muitas coisas erradas com você. Mas, afinal, somos completamente humanos, e todo mundo tem suas crises e defeitos. Viver de vitimismo está fora de cogitação. Mas vou te dar alguns conselhos; anota esses: Ficar se culpando não vai servir para nada. O mundo não gira em torno de você. O tempo não para.
Então bola pra frente.
Hoje em dia, não temos mais desculpas para não curtir o que a vida tem a oferecer. Só alcançamos a leveza e a paz de espírito quando lançamos mão dos padrões impostos. Quando nos permitimos viver grandes aventuras inesperadas, quando decidimos estar no hoje, conseguindo fazer desse exato momento o seu instante. É colecionar histórias, extrair o melhor das pessoas e espalhar a sementinha do vir a ser.
Não se desespere se ainda não conseguiu, tente um pouco mais, tente mais amanhã. Depois tente outra vez. Só não desista e lembre-se: Passar pela vida sem nenhum estresse é impossível, mas para um nível mínimo de estresse é preciso deixar de dramatizar, deixar de se sentir perseguido pelo mundo, assumir suas responsabilidades como cidadão, valorizar as horas livres e entender que estamos aqui de passagem − nada é tão importante que não possa ser negociado. Às vezes, é preciso viver com consciência, baixar a guarda e deixar que a vida nos conduza.
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