Fui ao Teatro FAAP, em São Paulo, ver a peça Vanya e Sonia e Masha e Spike com Marília Gabriela e elenco. O texto é de Christopher Durang, que possui referências aos personagens do russo Tchekhov, escritor. O espetáculo é uma preciosidade, mostra os conflitos humanos de maneira divertida. A montagem da comédia foi considerada o maior sucesso na Broadway em 2014, chegando a conquistar o Tony Awards de Melhor Peça em 2013, quando feita pelo Lincoln Center, em Nova York. A peça foi dirigida no Brasil pelo diretor Jorge Takla, o qual tive o prazer de conhecê-lo em um encontro casual no curso de teatro no Rio de Janeiro.
O roteiro conta a história de três irmãos. Sonia (interpretada por Patrícia Gasppar), que é adotada, e Vanya (interpretado por Elias Andreato) moram em uma casa de campo juntos. Levam uma vida excepcionalmente comum e pacata. Masha, uma estrela bem-sucedida no cinema, os sustenta, apesar de viver longe dali, sua aparição pode mudar o rumo da vida deles. No palco, ao lado da jornalista e atriz Marília Gabriela, estiveram também os atores Bruno Narchi, Teca Pereira e Juliana Boller. A peça é uma verdadeira comédia humana, que trata de família, falta de perspectivas, solidão, abandono e outros conflitos cotidianos, de maneira engraçada.
Masha, interpretada por Marília, vai acompanhada de seu novo namorado, o ator Spike (Bruno Narchi), aproximadamente uns 20 anos mais novo que ela. Na peça, as inseguranças de Masha ficam evidentes em relação à sua idade. Quando indagada pelos entrevistadores no programa Roda Vida da TV Brasil sobre a conexão que o público faria entre ficção e realidade, ela responde: “É inevitável o público não associar minha vida pessoal com a da personagem”. Gabi, como sempre, é uma estrela, carismática, elegante e divertida.
Vi por lá também alguns convidados ilustres, como o apresentador Jô Soares, Christiano e Theodoro Cochrane, que esteve envolvido na produção do espetáculo junto com o diretor Jorge Takla. A peça é divertidíssima e sensível. Todos os aspectos da natureza humana tratado com humor, até mesmo os altos e baixos, tudo está na cena. Inclusive a solidão, cuja peça trata sorrateiramente dessa questão. E há cada vez mais solitários neste mundo. Como escritor, posso entender a dor da solidão de alguém e suas esquisitices. Mas nada te deixa mais humano do que assistir a uma boa peça, bem produzida.