Era aniversário da minha namorada. Erámos um seleto grupo de amigos, até um convidado ilustre, ou melhor, um penetra aparecer na festa. Era um gato preto.
Estávamos sentados em volta da piscina quando o felino do nada apareceu. A mulherada queria pegá-lo, mas o esperto não deixava ninguém tocá-lo, parecia desconfiado da gentileza. Não sabemos de quem era o gato, nem como ele chegou ali, mas, segundo nossas intuições e lógicas, chegamos a seguinte conclusão: “veio de algum vizinho e pulou o muro”.
O gato saltou em cima da mesa onde preparávamos nosso tira-gosto. Apesar do som alto e da baderna, ele não se importou em tirar um cochilo ali mesmo, no canto, próximo à churrasqueira. O penetra teve seus minutinhos de fama, sendo o centro das atenções, e a aniversariante não se incomodou em disputar isso com o bicho. Alguém da turma teve a ideia de batizá-lo com um nome.
— O que vocês acham de Saravá?
— Ah, não! Saravá, não!
— Eu acho que ele tem cara de Macumba. Vamos chamá-lo de Macumba!
Enquanto se discutia a proposta, o nosso ilustre hóspede parecia pouco se importar como seria chamado; na verdade, a única coisa com que ele se importava naquele momento era com comida.
Nossa preocupação era uma só: achar um nome para o gato que não fosse piegas. A vontade de rir era incontrolável quando ouvia alguém pronunciar um nome fora do comum. Que confusão dos diabos para dar o nome ao tal gato. Ficamos tão distraídos com a coisa de como se chamaria o bicho que não percebemos que ele já havia ido embora sem deixar rastros, sumiu como num passe de mágica. Não era tão cedo, mesmo assim decidimos procurar o bichano àquela hora da madrugada. Na sala, acendemos as luzes, onde havia um sofá enorme. E adivinhe, o folgado estava afundado tranquilamente dormindo sobre as almofadas quentinhas. Com um pouquinho de jeito, pegaram o Pérola Negra e o puseram na piscina, como todo gato, ele também não gostava de tomar banho, desesperado o coitadinho saiu ofegante, driblou todos e em segundos foi embora. A culpa e o remorso ficaram entre nós. A ressaca moral também. O dia amanheceu, e ninguém mais pensou nisso.
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