Aconteceu na Argentina. Era uma tarde de sábado, eu estava conversando com um amigo num café quando duas senhoritas sentadas à mesa ao lado falavam sobre a caixa. Como qualquer bom ouvinte de história, eu parei a minha conversa para ouvir exatamente do que se tratava. O assunto continuou: — Berenice, eu não consigo me lembrar com quem a mamãe deixou a caixa.
— Mas, Cesária, é impossível saber o paradeiro, já que a última vez que ouvi falar dessa caixa era que estava com a tia Firmina e, depois que ela faleceu, como a gente vai saber? A mamãe poderia nos ajudar, se não fosse o Alzheimer, coitada; ela mal lembra o próprio nome.
A senhora mais velha buscou o óculos na bolsa, checou a agenda do celular e ligou:
— Alô? Tia Ofélia, tudo bem? É a Berenice… Estou ligando pra senhora, pois eu queria saber sobre aquela história da caixa que você, mamãe e tia Firmina…
— Vai pra puta que pariu! Não me ligue mais! PIIIIIIIHHHH
De repente, a senhora enrubesceu o rosto e pôs o celular na bolsa, voltando a comentar sobre a malevolente caixa. Dessa vez, quem queria saber o que tinha lá era eu. A outra senhora demostrava preocupação, parecia buscar em sua memória algum vestígio de onde pudesse encontrá-la. Eu tinha certeza absoluta que o papel que estava sobre a mesa era o testamento, quase que pedi pra ler.
Mudei de lugar na intenção de ficar mais perto para ouvir melhor aquelas duas senhoras que atentamente levantavam as informações, prestes a revelar o segredo. Não sei se eu queria contribuir com a minha singela ajuda ou só apenas saber o que havia dentro da caixa. Johnny, o meu amigo, resolveu que voltaríamos a Porto Alegre ainda naquele dia. Só não antes que eu pudesse desvendar o mistério. “Tá, eu volto, mas, primeiro, quero saber o que tinha dentro da droga daquela caixa.”
Levantei e fui em direção à mesa das duas senhoras para perguntar-lhes se precisavam de um detetive. Na verdade, eu queria ter ido até o fim, mas travei no meio do caminho. Voltei desconsertadamente, minha vontade era pegar na mão delas e dizer: “Vamos agora saber o que tinha dentro da porcaria daquela caixa”. Perceberam que falavam alto demais, rapidamente pediram a conta e foram embora.
Queridas senhoritas argentinas, desculpa quase revelar o segredo de vocês assim, no meio do jornal, contudo, se já tiverem encontrado a misteriosa caixa, me mandem um e-mail me avisando, por favor. Obrigado.
Imagem/Pexels