Kerley Carvalhedo

A vida sempre nos pega de jeito

Acabo de assistir ao filme O Melhor de Mim, adaptado da obra de Nicholas Sparks. Um filme fascinante pra quem gosta de pensar sobre a paixão, o amor e efemeridade da vida. O filme conta a história de um casal de jovens namorados que planejam suas vidas futura um com o outro, mas

Acabo de assistir ao filme O Melhor de Mim, adaptado da obra de Nicholas Sparks. Um filme fascinante pra quem gosta de pensar sobre a paixão, o amor e efemeridade da vida. O filme conta a história de um casal de jovens namorados que planejam suas vidas futura um com o outro, mas, por tragédia do acaso, tudo muda: ele vai para a prisão, ela se casa, tem filhos com outro e segue a vida bem-sucedida. Muitos anos se passam até ele ser solto, e mais uma vez o destino os juntam por um tempo, e, você já deve saber o final dessa história.

Fiquei pensando o quão a vida é efêmera e como não temos tanto domínio sobre os acontecimentos que ela nos traz.

Dia desses, eu estive vasculhando algumas gavetas do meu armário e encontrei uma antiga agenda com fotografias, bilhetes, cartas e até uma pedra que ganhei de uma hippie na praia de Copacabana. Em meio a todos aqueles achados, estava uma carta envelhecida, amarelada, mas com as letras bem legíveis da minha ex-namorada: “Não sei o que será da minha vida sem você, tenha certeza que nunca te esquecerei. Você foi o melhor e mais perigoso presente que ganhei.” Essas eram algumas das frases que estavam escritas e, de repente, me deparei com o passado, embora aquele rascunho não tivesse nome nem data. Lembro bem do dia em que me trouxeram a carta, suas letras feitas à mão eram inconfundíveis. Confesso que fiquei à toa quando encontrei aquele papel, logo um estalo dentro de mim me deu um toque: “Já foi! Está perdendo seu tempo!” Realmente eu estava. Talvez depois de todos esses anos ela não soubesse mais quem sou.

Pensei, será quê…? Não, acho que não foi aquela briga. Ou será que foi? Talvez tenha sido as palavras que falei naquele tom de voz. Será que a gente se amava mesmo? Já sei, acho que tudo acabou por conta daquela viagem que fiz sozinho. E agora como saber? Bom, agora não importa. O importante é que já passou, e a carta não significa nada mais. Aquele amontoado de palavras era insignificante como qualquer outra coisa esquecida no fundo de uma gaveta empoeirada. Não fazia sentido algum.

Ela? Soube que está casada, grávida do terceiro filho. Deve estar bem. Espero.

A vida é assim, fazemos planos, cuidamos, lutamos e, no final, tudo segue contrário do que projetamos. Nossa tarefa é tentar viver da forma mais intensa possível, porém sem suas ataduras e limites ferozes. Em entrevista ao poeta Ferreira Gullar, perguntaram- lhe qual era o sentido da vida? Sua resposta foi estupenda por ser simples

e encantadora: “O sentido da vida está no outro”. A vida só tem sentido se for vivida para o outro. Se não for esse o objetivo, já é sem sentido o viver.

Imagem/Pexels