Era dia 20 de julho de algum ano, o qual não me recordo. Tal data comemora-se o Dia dos Amigos. Eu procurava, em uma livraria, um desses cartões que têm aquelas mensagens sobre amizades. Avistei o cartão que eu levaria, mas, do nada, surgiu uma mão mais rápida que a minha e pegou-o. Olhei para ver quem era o assaltante de cartões. Era um rapaz com a cara de nerd. Pedi desculpas, ele também. Ele fez questão para que eu ficasse com o cartão, eu disse que não, afinal ele havia pegado primeiro. Procuramos inutilmente outro igual, infelizmente aquele era o último. Não levei o cartão, mas ganhei de presente um amigo. Ficamos ali no meio da livraria. Aos poucos, as conversas foram revelando que tínhamos muito em comum. Trocamos contatos. Na primeira semana, foram tantos assuntos que nunca mais terminaram. Atualmente ele mora fora do País; não obstante, ainda sim mantemos contatos. Quem já teve um grande amigo, sabe qual é o sentimento.
Certa vez, me perguntaram do que eu mais gostava. A resposta veio como flecha: de pessoas. Acredite se quiser, já fiz amizades até na montanha-russa. Dia desses, fui ver pessoalmente um amigo que conheci pela internet. A sensação era que eu ia me encontrar com um irmão que não via há anos. Depois das apresentações, saímos para um café. A tarde foi curtíssima para tanto papo. Algumas amizades foram por acaso, hoje são eternas. Nada melhor que sair por aí sem compromisso, encontrar um “desconhecido” e bater papo. Contudo, saiba que fazer novos amigos requer muito cuidado, ninguém está isento das decepções, das partidas, das perdas. A natureza é belíssima, o mundo é exorbitante. Porém, o nosso lado humano ainda continua interessantíssimo. Sempre que posso, me permito conhecer novas pessoas, nada é tão fascinante. Conhecer é uma coisa, permanecer amigos é outra completamente diferente. Lembro que num voo que fiz de Belém ao Rio de Janeiro, uma senhora sentou-se ao meu lado e disse que aquela era sua primeira viagem de avião. Mesmo assustada, contou parte de sua história, falou dos seus ex-maridos, dos filhos até dos netos. Tive a oportunidade de visitá-la no Rio. Conheci parte da família.
O que precisamos para fazer amigos? Aceitar as diferenças é um grande passo. Estar aberto ao mundo e suas mudanças. Fique atento. Seu melhor amigo pode ser aquela moça que você diz “oi” todo dia no ponto de ônibus, aquela senhora no supermercado escolhendo o molho de tomates. Pode ser aquele com quem você papeia na fila do banco. O zelador, o carteiro, o esquisito do colégio. Olha, o que acha de falar com aquele rapaz que está sozinho no banco da praça ou com a aquela moça sozinha de braços cruzado na esquina? Vale arriscar; o “não” você já tem. Desejo que sejam verdadeiros e leais.
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