Uma amiga estará completando 30 anos de idade no próximo mês. Ela fica desvairada quando assunto é idade. Fez promessas e votos para se casar antes de chegar aos trinta. Mas, casamento que é bom, nada! A ranzinza deveria já ter ficado feliz em chegar à casa dos trinta sendo titia, que não é tão ruim assim, convenhamos. Afinal, melhor sobrar para titia do que não sobrar para nada e ninguém. Há inúmeras razões para ser feliz aos trinta; não obstante, chegar aos trinta sem se casar não é uma delas para minha amiga.
Saber aceitar a idade com tranquilidade é uma questão de bom senso e equilíbrio, mas antes que perca o espírito da coisa, cá entre nós, trinta anos não é um número tão assustador assim. O que fazer quando chegam os trinta? Talvez esse número desespere alguns e tranquilize outros. Dizem que chegar aos trinta é melhor que os vinte e poucos. Estou quase lá.
Aos trinta, dá para fazer melhor as escolhas, o sexo fica mais quente, a gente apazigua os demônios da adolescência. Aos trinta, a gente fica mais sensato e ponderado. Dizem, e espero que seja verdade. Aos trinta, quero mais aventura e rir mais do que hoje. Aos trinta, quero ter viajado mais. Aos trinta, quero aprender a me virar sozinho. Quero que todas minhas namoradas fiquem na memória, sem rancor. Quero que novas músicas me surjam, que elas me inspirem e me façam lembrar a infância, a criança que fui. Aos trinta, quero beber mais vinho e cruzar o Atlântico diversas vezes.
Quando chegar aos trinta, quero pensar menos sobre o que vou fazer aos quarenta. Quero ter uma casa cheia de livros, que eu tenha publicado mais alguns também. Quero conhecer alguém que vá me desnudar com os olhos; literalmente está valendo também.
Aos trinta, quero conhecer Istambul, Bruxelas, Londres, Los Angeles e Índia. Aos trinta, vou pular de asa-delta, explorar as Cordilheiras. Aprender as notas dos clássicos de Beethoven, ter um gosto mais afinado. Praticar slackline, ter o meu próprio negócio e não quebrar. Aos trinta, quero ter lido a obra completa de Balzac. Vou contar uma coisa: Foi maravilhoso quando fiz quinze anos e também quando fiz dezessete, mas gostei muito mesmo quando fiz dezoito. Minto. Foi fascinante quando fiz vinte e cinco anos. Esquece. Bom mesmo vai ser quando chegar aos trinta, quarenta, cinquenta, sessenta, todos os “entas” que a vida me permitir.
Foto de PrathSnap