Fico impressionado ao saber que ainda existe racismo contra os negros no Brasil. Temos muitas coisas boas, músicas de primeiríssima qualidade, praias exuberantes, culinária refinada, futebol e carnaval nem se fala. Somos bons em muitas coisas – mas, deixamos outras a desejar.
Outro dia uma amiga me contou que estava fazendo compras em um “estado brasileiro” por aí e depois das compras resolveu ir ao um restaurante. De repente foi barrada logo na entrada – o garçom pediu para que ela entrasse pela lateral, e a conduziu até um lugar reservado nos fundos.
Como assim nos fundos? Isso mesmo, nos fundos do restaurante – eu também fiquei indignado com a situação. Perguntei a ela o que tinha feito, ela me disse que àquelas alturas não havia mais o que fazer. Fez a refeição e foi embora dali.
Estamos voltando à inquisição ou isto é um caça às bruxas? Não que minha amiga lindíssima negra seja bruxa, muito pelo contrário; seu carisma e seu humor não se acham em qualquer um por aí, é uma peculiaridade dela.
Estamos sob o comando de maus gestores e péssimos exemplos de cidadãos brasileiros à frente de empresas e estabelecimentos comerciais. Torço pela punição de todos que agem de má fé com os negros do nosso país. Espero que a lei valha para todos os preconceituosos, sejam lá com quem for, “negros, homossexuais, trans, idosos, down´s, albinos, deficientes, etc…” há muitas classes sociais e gêneros que sofrem a desgraça do preconceito por racismo e não fazemos nada.
O neurocientista Carl Hart, primeiro neurocientista negro a se tornar professor titular na Universidade de Columbia (EUA), foi barrado na entrada do hotel Tivoli Mofarrej onde teve o evento que ele palestraria. Segundo uma entrevista publicada no jornal Folha de S.Paulo, após conseguir entrar no hotel, Hart percebeu que era o único negro no auditório composto por advogados e juízes. “Vocês deveriam ter vergonha disso”, disse o neurocientista.
“Infelizmente o racismo é uma coisa que se ver no olhar, não se esconde nem a cinco quilômetros de distância.” (Glória Maria)
Aonde vamos para com isso? Sinto vergonha de sermos visto lá fora como racistas preconceituosos. Isso é uma crítica? É sim, uma autocrítica. Precisamos fazer essa autocrítica entre nós mesmos. Até quando vamos definir caráter pela cor da pele, uma tatuagem, roupa ou estilo?
IIustração: Nadia Bormotova/Getty Imagens