Kerley Carvalhedo

Traição autorizada

Ele liga para esposa e diz: — Oi, meu amor, vou sair um pouco mais tarde do escritório hoje. Não me espere para o jantar, ok?

Ele liga para esposa e diz:

— Oi, meu amor, vou sair um pouco mais tarde do escritório hoje. Não me espere para o jantar, ok?

Ela:

— Tudo bem, meu amor! Eu pego a Bia na escola. Se você chegar, e eu não estiver, é porque fui à casa da mamãe levar a Bia para vê-la. Talvez eu coma alguma coisa por lá também. Te amo!

Ele:

— Ok, eu também te amo!

Ambos desligam o celular e sem perder tempo, ele disca o número da amante que está agendado na lista telefônica por nome “Patrão”:

— Alô, Paty, daqui a quinze minutos chego aí.

A esposa deixa a Bia com a vó e vai ao encontro do Amante Felipe, que já está à sua espera.

O esposo chega ao apartamento de Paty, entra discretamente sem levantar suspeitas e a encontra vestida num espartilho preto, de lábios vermelho escarlate e uma taça de Chardonnay na mão. Como um lobo faminto, parte para cima desnudando tudo.

Bem distante dali, sua esposa e Felipe se esvaem em orgasmos entre os edredons da cama redonda do motel. Felipe a deixa em seus maiores delírios de prazer como as outras vezes.

Mais tarde, o marido chega em casa e cumprimenta a esposa com um beijinho:

— Trouxe isso pra você! – retira do bolso do paletó um anel de brilhante.

Ela finge surpresa:

— Nossaaaaa, meu amor, não precisava! Você é o melhor esposo do mundo!

Com ar de total satisfação, sorri para ele e assim vão dormir, fingindo que nada aconteceu, como se um não soubesse da traição do outro. Dia seguinte, a esposa passa ao lado de Paty e a cumprimenta com um beijinho no rosto: “Bom dia, querida!” As duas trabalham no departamento da mesma empresa.

O esposo, antes de chegar ao trabalho, passa no posto para abastecer o carro e dá um bom-dia para Felipe, que já foi seu velho amigo de infância, agora é frentista. E, tranquilamente, segue a vida amorosa do casal, sem cobranças, sem investigações, sem desconfianças.

Imagem/Pexels